Você sabe a importância do histórico médico?
Histórico médico atualizado é comum às crianças. Quando nasceu, de que forma, doenças e alergias que apresentou na primeira infância, vacinas, medicamentos e curva de crescimento são alguns dados que as mães costumam ter na ponta da língua, junto com os exames já feitos e que podem ser solicitados pelo médico.
Ao passo que as pessoas crescem, no entanto, esse acompanhamento vai se perdendo e as informações ficam imprecisas.
Ter um histórico médico atualizado ajuda bastante nas consultas médicas, principalmente quando o médico se depara com o diagnóstico de uma doença mais grave, em que é preciso fazer uma investigação sobre o que aconteceu com o paciente e, algumas vezes, até mesmo se há casos similares na família.
“O histórico médico é fundamental para uma consulta. Quando não há esse registro, o mesmo é feito na hora pelo médico. Ajuda muito o paciente também estar preparado, com informações sobre medicamentos em uso, doenças na família e sobre os sintomas. Dessa forma, o médico pode se dedicar mais à investigação das queixas atuais da pessoa”, explica Alfredo Salim Helito, clínico-geral do Hospital Sírio-Libanês.
Não há hoje um sistema de saúde integrado, em que todas essas informações ficam disponíveis para os médicos. Esse histórico é feito de forma independente por cada médico ou hospital a uma consulta da pessoa.
Com isso, muitas vezes são pedidos exames duplicados ou desnecessários, ou mesmo o médico consultado não é o especialista mais indicado para o problema apresentado.
Com a correria do dia a dia é difícil ter esse histórico na memória, que tende a falhar ou ser imprecisa quando mais se precisa dela. Por isso, manter um arquivo com informações médicas, que pode ser digital ou mesmo um caderno de anotações, pode fazer com que a pessoa tenha uma consulta mais satisfatória.
“Pode-se utilizar qualquer forma de armazenamento, desde o arquivamento físico dos registros ou utilizar as ferramentas tecnológicas modernas como digitalização dos dados. O registro histórico do paciente auxilia o médico a ter um entendimento mais abrangente, além de poder entender sua situação atual”, pontua Edson Issamu, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O papel do médico mudou bastante também nos últimos anos, sendo o atendimento mais setorizado por áreas do corpo, quando antes existia uma visão mais integral do paciente por um médico de família, que sabia o histórico de doenças e acompanhava a pessoa ao longo da vida.
Com a evolução da medicina e um maior conhecimento e especialização dos médicos, essa figura central praticamente deixou de existir, fazendo com que o paciente tenha que gerenciar de forma mais próxima todas essas informações.
“O modelo ideal seria a ação equilibrada da ação de um médico clínico, que funcionaria como gerente do caso, assessorado/auxiliado pelos especialistas. Isto diminuiria as opiniões conflitantes e melhoraria a interação entre o doente, sua doença e seus médicos”, exemplifica Issamu.
Ao ter um médico que centraliza as informações, da mesma forma que acontece no caso dos pediatras com as crianças, os adultos passam a ter um profissional que analisa o problema de forma global, uma vez que nem sempre uma dor de cabeça, por exemplo, está relacionada a um problema neurológico.
“O médico não deve ser procurado apenas no momento da doença, mas principalmente na prevenção dela. O clínico geral é o especialista indicado para o acompanhamento do adulto, concentrando as informações e tendo uma visão completa do paciente, acionando e tendo como colaboradores os especialistas, sempre que necessário”, explica Helito.
Para uma boa consulta
1 – Antes de uma consulta médica é importante que o paciente se prepare e faça uma lista com dúvidas e queixas recorrentes, assim como nome e dosagem de medicamentos que possa estar tomando.
2 – Mantenha em um papel ou digitalizado as doenças que já teve, vacinas tomadas, oscilações significativas de peso ou pressão arterial.
3 – Doenças crônicas como pressão alta ou diabetes, por exemplo, também devem ser sempre comunicadas, assim como oscilações nas medições de pressão e glicose.
4 – Guardar e levar sempre o exame mais recente realizado, seja ele um hemograma, raio-x, ultrassom ou ressonância.
5 – Ter um médico que faça o acompanhamento da saúde, como um clínico geral, que poderá avaliar o paciente e encaminhá-lo para especialistas de acordo com a necessidade.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo