Você sabe o que são superbactérias? Entenda melhor e veja como se prevenir

23 de abril - 2019
Por: Equipe Coração & Vida

Muito se teme as superbactérias, nome popular para bactérias resistentes à maioria dos antibióticos convencionais, deixando as infecções muito mais difíceis de tratar – e até letais. É preciso, porém, ter medo delas? O infectologista Ralcyon Teixeira, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explica ao Coração&Vida quais os riscos e o que podemos fazer para nos protegermos.

O médico conta que as bactérias resistentes são aquelas que a princípio morriam quando a pessoa usava um antibiótico comum. Porém, pelo uso excessivo desses medicamentos, elas criaram estratégias para resistir e já não respondem mais aos antibióticos comuns. Para matar uma bactéria dessas, portanto, os médicos lançam mão de antibióticos de amplo espectro, que atingem uma gama maior de microrganismos.

Internação em UTI pode estressar paciente e família
Essas bactérias estão presentes maiormente nos ambientes hospitalares, mas já começaram também a aparecer na comunidade – Foto: Shutterstock

O problema é que as bactérias já estão se tornando resistentes a antibióticos muito potentes, e há a preocupação de que o desenvolvimento de novos medicamentos não vai acompanhar o surgimento de novas bactérias resistentes, o que nos leva a um cenário em que muitas infecções podem não ter mais tratamento.

De acordo com Teixeira, essas bactérias estão presentes maiormente nos ambientes hospitalares, mas já começaram também a aparecer na comunidade. Como proteção no dia a dia, ele recomenda a lavagem cuidadosa das mãos, com água e sabão, já que muitas dessas bactérias adentram o corpo justamente por causa das mãos contaminadas. Ferimentos no corpo também devem ser lavados e protegidos adequadamente.

Vale lembrar que o uso de sabonetes antibacterianos só tende a piorar o caso, pois as bactérias mais fracas morrem, mas as mais fortes não, e essa medida contribui para que elas se tornem resistentes aos antibióticos.

Abuso de antibióticos provocou mutações bacterianas

O surgimento dos antibióticos, no início do século passado, foi uma revolução na medicina. Muitas infecções bacterianas, que antes eram uma sentença de morte, puderam ser tratadas com sucesso. O problema começou com o abuso desses antibióticos.

Até pouco tempo atrás, os antibióticos eram comprados indiscriminadamente nas farmácias, sem retenção da receita médica ou, em alguns casos, até mesmo sem a exigência de uma. Por essa razão, muitos usavam o medicamento sem necessidade, inclusive quando a causa da doença era viral, como a gripe – casos em que o antibiótico não ajuda em nada. Com isso, as bactérias foram criando estratégias para resistir aos seus algozes.

Outro ponto importante que contribuiu para a resistência bacteriana foi o abandono do tratamento com antibiótico antes do prazo prescrito pelo médico, que interrompia a eliminação completa das bactérias maléficas ao corpo. Ainda, o uso indiscriminado de antibióticos na criação animal também foi um fator que contribui para a resistência bacteriana. Caso nenhuma medida seja tomada, a tendência é que mais e mais bactérias se tornem resistentes, tornando muitas infecções impossíveis de tratar.

Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo

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