Wi-Fi faz mal à saúde?
O Wi-Fi, utilizado para rotear o sinal de internet para diversos aparelhos, está em todos os lugares, seja em casa, no trabalho, nos parques ou comércios.
Com o maior uso de aparelhos eletrônicos que precisam de internet, como smartphones, tablets, computadores e até mesmo TVs, é difícil imaginar uma vida sem essa técnica.
A expansão da tecnologia, no entanto, fez crescer também os boatos e mitos urbanos que relacionam as ondas do Wi-Fi a possíveis danos à saúde, como câncer. Tudo não passa de um mito.
O sinal do Wi-Fi é proveniente de ondas eletromagnéticas geradas pelos dispositivos eletroeletrônicos, para haver comunicação entre eles. A frequência utilizada é bastante baixa e, por isso, não apresenta riscos, mesmo em crianças e grávidas.
“O Wi-Fi opera numa escala de até 6GHz e, consequentemente, a energia que essa onda possui não é capaz de promover quebras moleculares. Portanto, não apresenta riscos diretos à saúde, diferentemente das radiações ionizantes, como os raios-x, que possuem frequências mais de um milhão de vezes maiores que as do Wi-Fi”, explica Alexandre Nagao de Sousa, físico da radioterapia do Hospital Sírio-Libanês.
A mesma lógica se aplica ao aparelho de micro-ondas, que também já foi considerado um risco no passado. A frequência das ondas emitidas por esses aparelhos é muito baixa, não sendo capaz de promover alterações nas células do organismo.
O que possivelmente fez com que esse mito ganhasse força é que há sim alguns tipos de radiações que prejudicam a saúde, como a ultravioleta e o raio-x, que podem ocasionar riscos quando há exposição prolongada e sem a proteção correta.
“Micro-ondas e as frequências de telecomunicações como o Wi-Fi são classificadas como radiações não ionizantes, aquelas que não possuem energias suficientes para arrancar elétrons dos átomos. Somente com radiações ionizantes o processo ocorre e está relacionado à produção de danos biológicos e à transformação de células saudáveis em células cancerígenas”, explica o físico.
Para se ter uma ideia, o Wi-Fi tem uma frequência de ondas menor até que a do rádio, equipamento que acompanha a humanidade há décadas, sem nunca ter sido associado a danos ao homem.
Mas de onde surgem esses mitos? O especialista tem uma explicação.
“Tendo em vista a grande acessibilidade de novos aparelhos eletroeletrônicos à população, o uso excessivo dos mesmos e a falta de conhecimento sobre o funcionamento dessas novas tecnologias, é justificável a preocupação do impacto delas à sociedade e à saúde”, esclarece Sousa.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo